Itaú teria ficado de fora da nova etapa das negociações por não arriscar um valor tão alto quanto o de seus concorrentes para a aquisição; compra deve ser concluída até agosto.
O Bradesco e o Santander podem ter sido os únicos bancos a fazer uma oferta vinculante pelo HSBC Brasil. Segundo fontes ouvidas pelo 'Broadcast', serviço em tempo real da 'Agência Estado', o Itaú Unibanco ficou de fora da última fase de disputa e não teria feito um novo lance, confirmando a expectativa do mercado de que seu apetite pelo ativo era baixo. Os interessados tinham até ontem para enviar as propostas. A melhor oferta garantirá ao vencedor negociar, com exclusividade, o HSBC no Brasil, que tem cerca de R$ 168 bilhões em ativos, segundo os dados mais recentes do Banco Central.
A expectativa é que a transação seja concluída até agosto, conforme cronograma divulgado pelo Goldman Sachs, assessor financeiro da negociação.
HSBC deve vender divisão de varejo para outro banco até agosto
O Bradesco segue como favorito a comprar o HSBC, na opinião de diversas fontes de mercado. Isso porque adquiri-lo significa encostar em seu principal concorrente, o Itaú, em ativos - praticamente eliminando a distância erguida desde a fusão com o Unibanco. Se o comprasse, considerando dados do primeiro trimestre, ultrapassaria R$ 1,2 trilhão em ativos, perto do R$ 1,295 trilhão do Itaú no fim de março.
Já o Santander teria, segundo executivos de mercado, apetite um pouco menor, embora seja o candidato que mais teria condições de assumir a tarefa desempenhada pela instituição inglesa para seus clientes aqui e no exterior. O banco espanhol vê na compra do HSBC uma oportunidade de acelerar seu crescimento no País, com uma menor sobreposição de agências.
O Santander chegou ao Brasil em 1982 e em novembro de 2000, pagou R$ 7,5 bilhões pelo Banespa. Depois disso, comprou o ABN AMRO, que por sua vez já havia consolidado Real, Sudameris e América do Sul.
O Itaú teria optado, conforme fontes, por não seguir na disputa pelo HSBC Brasil pelo fato de o ativo agregar menos valor à sua operação. Além de o banco já atuar mais fortemente no segmento de alta renda que seus outros concorrentes, ainda está envolvido na fusão com o chileno CorpBanca, cuja conclusão está prevista somente para 2016. Até o fim da noite, porém, alguns executivos ainda tinham dúvidas em relação à sua real desistência.
Fontes e analistas de mercado acreditam que as ofertas vinculantes devem ter ficado próximas do valor patrimonial do banco, de mais de R$ 10 bilhões. Embora alguns cálculos indiquem teto de até R$ 14 bilhões, especialistas lembram que a instituição que adquirir o HSBC no Brasil terá de desembolsar outros bilhões de reais para repaginar a rede física e ainda ajustar a operação que, além de rentabilidade negativa, deu prejuízo no ano passado. Há ainda a incógnita de quem arcará com os custos das demissões que geralmente ocorrem em processos de fusão e aquisição.
Em jogo
O comprador vai levar somente a operação de varejo, conforme informou o banco inglês no dia 9 de junho, durante reunião com investidores, em Londres. O HSBC pretende manter a estrutura de atacado no Brasil para atender grandes companhias no País nos moldes de outros estrangeiros presentes.
Sobre o envio das propostas vinculantes, o banco não se manifestou. Bradesco, Santander e Itaú também preferiram não comentar o assunto.
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