Análise política, saúde mental e diretrizes para fortalecer a luta sindical.
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SEEB-MA promoveu no sábado (5/4) o XI Congresso Estadual dos(as) Bancários(as), na Sede Recreativa da categoria, no Turu, em São Luís. O evento foi marcado por intensos debates sobre a conjuntura política nacional e internacional, os impactos da saúde mental no ambiente de trabalho e a definição de resoluções estratégicas que nortearão as ações do Sindicato pelos próximos três anos.
Pela manhã, o ponto alto foi a mesa de análise de conjuntura, que contou com a participação dos professores Valério Arcary e Jones Manoel. Ambos abordaram os riscos representados pelo avanço da extrema direita no mundo, citando os exemplos recentes da Argentina e dos Estados Unidos. Arcary e Jones destacaram a importância de combatê-la de forma organizada. No entanto, eles divergiram quanto à tática da esquerda frente ao atual governo brasileiro.
Arcary defendeu a necessidade de apoio ao governo Lula como forma de barrar o retorno do bolsonarismo e a influência do centrão, que impuseram perdas históricas aos trabalhadores com a reforma trabalhista, a reforma da previdência, o congelamento de salários, a terceirização irrestrita e a precarização por meio da uberização.
Já Jones Manoel criticou o governo, apontando que suas alianças com setores da elite econômica têm resultado em medidas que prejudicam a classe trabalhadora, como a criação do crédito consignado para celetistas, que endivida o trabalhador e enriquece os banqueiros. Para ele, é papel da esquerda denunciar essas contradições e construir uma alternativa popular e socialista.
“A discordância entre os palestrantes só enriqueceu o debate. Ambos compartilham o entendimento de que a esquerda é o melhor caminho para o Brasil e que a extrema direita representa um retrocesso brutal. Contudo, é preciso que o governo se reconecte com as pautas que o elegeram e caminhe junto com os sindicatos para enfrentar os ataques, como a jornada 6x1, o arcabouço fiscal, as privatizações e a uberização, que têm dificultado a vida do trabalhador brasileiro” — afirmou Rodolfo Cutrim, coordenador-geral do SEEB-MA.
No período da tarde, o Congresso contou com a palestra dos especialistas Guilherme Zagallo (advogado) e Rômulo Mafra (psicólogo), que abordaram a saúde mental no ambiente de trabalho, com foco na recente alteração da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que entrará em vigor em maio deste ano.
"A mudança torna obrigatória a monitoração dos fatores biopsicossociais nas empresas, representando um avanço na proteção à saúde dos trabalhadores, mas que deve gerar resistência por parte do empresariado, que passará a ter responsabilidade direta sobre os transtornos emocionais decorrentes das condições de trabalho" - explicou Lívia Morais, coordenadora de saúde do SEEB-MA.
Segundo os palestrantes, o mundo vive uma crise generalizada de adoecimento mental. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que cerca de 1 bilhão de pessoas apresentam algum transtorno mental grave, sendo que o ambiente de trabalho aparece como uma das principais causas.
"No setor bancário, marcado por metas abusivas, assédio moral e pressão constante, os impactos são ainda mais evidentes. A exigência de diagnósticos psicossociais dentro das instituições financeiras deve se tornar um novo campo de enfrentamento político e jurídico, exigindo a atuação firme dos sindicatos em defesa da saúde mental das categorias" - destacou o advogado Guilherme Zagallo.
No fim do Congresso, os(as) bancários(as) aprovaram um conjunto de resoluções que servirão como diretrizes para a atuação sindical no próximo triênio. As propostas incluem a ampliação do debate político com a base, o fortalecimento das lutas por direitos, a defesa da saúde mental dos trabalhadores e a construção de uma alternativa de esquerda que atenda aos interesses da categoria bancária e de toda a classe trabalhadora. Vamos à luta!
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